O julgamento de Marcos Venicio Andrade, que confessou ter matado o ex-governador do Espírito Santo Gerson Camata com um tiro no ombro em dezembro de 2018, chegou ao segundo dia nesta quarta-feira (4), no Fórum Criminal de Vitória.
Durante o julgamento, seriam ouvidas 12 testemunhas, além do interrogatório do réu. No entanto, uma testemunha foi dispensada de prestar depoimento. Todas as testemunhas foram ouvidas no primeiro dia do julgamento.
O advogado Homero Mafra, que defende Marcos Venicio, disse que o crime não foi premeditado e que ele agiu levado pela emoção. Ainda de acordo com ele, a defesa não pensa em absolvição e trabalha para tentar reduzir a pena de Marcos Venicio.
Ludgero Liberato, advogado que representa a família de Camata, falou sobre o julgamento.
“Acreditamos que os cidadãos de Vitória, que hoje estarão aqui representados por esses sete jurados que serão escolhidos, apreciarão as provas dos autos e dirão em alto e bom som que nós capixabas não toleramos a brutalidade, não toleramos crimes premeditados, crimes feitos com crueldade contra cidadãos de bem. A família fica muito ansiosa porque esse processo doloroso hoje é revivido. Nós estamos há quase dois anos e meio desde o assassinato do senador Gerson Camata e reviver isso no momento em que a família já seguia tentando evoluir, seguir a vida com os netos que nasceram. É um momento de dor, mas que é necessário para que esse capítulo seja encerrado, para que a sociedade conheça a resposta que é dada pelo estado a esses casos de brutalidade”, disse.
Entre as testemunhas de acusação foi ouvida a viúva de Gerson, a ex-deputada federal Rita Camata. No depoimento dado no primeiro dia do julgamento, Rita falou por cerca de 40 minutos e contou sobre a trajetória política de Gerson.
A ex-primeira dama relatou ainda que Marcos Venício dizia que iria acabar com o marido, mas Gerson não acreditava na ameaça.
“Um dia triste. Eu vou revisitar a maior dor que eu já tive na minha vida. Mas eu acredito que haverá Justiça”, disse Rita.
O réu também prestou depoimento no primeiro dia do depoimento. De acordo com Marcos Venício, o crime não foi premeditado e no dia da morte teria ido conversar com Camata, mas que o semblante dele mudou ao vê-lo e que isso o chateou. Segundo Marcos, Gerson teria falado um palavrão e feito um gesto para ele. O réu disse que nunca tinha usado a arma e não soube explicar porque atirou.
“Causei sofrimento pra família dele, dela e para minha família. Isso transformou-se em uma tragédia inimaginável”, declarou o réu. Antes da denúncia feita por ele, Marcos disse que nunca teve problemas com Gerson e com a Rita.
O Ministério Público mostrou, por duas vezes, os vídeos do crime. Nos dois momentos da exibição, o réu não manifestou reação.
Ex-assessor que confessou ter matado ex-governador Gerson Camata começou a ser julgado na terça-feira (3)
Crime
O ex-governador Gerson Camata foi morto no dia 26 de dezembro de 2018, por volta das 17h, na Praia do Canto, em Vitória. O crime ocorreu em frente a um restaurante. Segundo a Polícia Civil, o ex-governador foi morto com um tiro no ombro.
Depois de ser baleado, Camata ficou caído na calçada. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou a ser acionado, mas o ex-governador morreu no local.
Marcos Venicio foi assessor de Camata por 19 anos e confessou que matou o ex-governador. Ele foi preso em flagrante no mesmo dia do crime.
Em 2009, Marcos fez uma denúncia contra Gerson Camata, na época senador, informando que ele obrigava os funcionários a usar os salários para pagar suas despesas. A Justiça concluiu que não havia provas e condenou o Marcos a pagar uma indenização e bloqueou R$ 60 mil da conta bancária dele.
Gerson Camata nasceu em Castelo, no Sul do Espírito Santo, em 1941 e atuou na política por 44 anos. Foi vereador, deputado estadual e federal, governador do Espírito Santo e senador por três mandatos.
Começou a vida profissional como jornalista e apresentador no programa “Ronda da Cidade”, na Rádio Cidade de Vitória. Era formado em Ciências Econômicas.
Camata começou na vida pública como vereador da capital do Espírito Santo em 1967, no mandato seguinte, em 1971, foi eleito deputado estadual. Foi deputado federal por dois mandatos, de 1975 a 1983, governador do Espírito Santo em 1983 e foi por três vezes senador pelo estado, de 1987 até 2011.
Fonte: G1
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