O presidente americano, Joe Biden, falou por telefone nesta quinta-feira (25) com o rei Salman, da Arábia Saudita, uma conversa que ocorre na iminência da publicação de um aguardado relatório de inteligência sobre o assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi.
Durante o telefonema, Biden reforçou o compromisso em “ajudar a Arábia Saudita a defender seu território dos ataques de grupos aliados ao Irã”, mas também destacou a “importância que os Estados Unidos dão aos direitos humanos e ao Estado de Direito”, informou a Casa Branca.
“O presidente destacou positivamente a libertação recente de vários ativistas saudita-americanos e de Loujain al Hathloul”, detalhou o comunicado.
Os dois dirigentes também discutiram os esforços dos Estados Unidos para “pôr fim à guerra no Iêmen”, depois de Biden suspender o apoio que Washington deu à coalizão militar encabeçada por Riade.
A conversa ocorreu antes da suspensão do sigilo de um relatório de inteligência sobre o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi em 2018 no consulado de Riade em Istambul, na Turquia.
A morte de Khashoggi, colaborador do jornal “The Washington Post”, gerou indignação internacional e nesta quinta o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, disse que a publicação do informe é um passo importante para que os responsáveis “prestem contas”.
Há especulações de que o relatório pode apontar a responsabilidade do príncipe-herdeiro do reino saudita, Mohammed bin Salman, apesar de Riade negar estas acusações.
A suspensão do sigilo deste informe marca um profundo contraste com a política do ex-presidente republicano Donald Trump, que destacou seus vínculos estreitos com a Arábia Saudita. Seu próprio genro e assessor, Jared Kushner, trocava textos com o príncipe Mohammed.
“Recalibrar” as relações
Khashoggi – que morava nos Estados Unidos – era um crítico ferrenho do governo saudita e foi assassinado após entrar no consulado para buscar uma certidão para se casar.
Após o assassinato, um grupo bipartidário de senadores americanos que tiveram acesso a um relatório da CIA informaram, em dezembro de 2018, que o príncipe-herdeiro foi cúmplice.
Dias depois, o Senado em seu conjunto aprovou uma resolução para assinalar o herdeiro como “responsável” pelo crime.
“Espero que este informe mostre ainda mais claramente que MBS esteve envolvido no assassinato de Khashoggi. Essa é a minha hipótese”, disse à AFP o especialista Simon Henderson, do centro de estudos Near East Policy, com sede em Washington.
Apesar de o governo Biden ter acenado com a ameaça de ações punitivas, por enquanto não confirmou que esteja disposto a sancionar o príncipe.
A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, disse, por sua vez, que “há uma série de medidas sobre a mesa”, sem dar mais detalhes.
O novo governo americano já antecipou que vai “recalibrar” as relações com Riade e que seu interlocutor será o rei Salman e não o príncipe, e que darão ênfase aos direitos humanos.
Fonte: G1
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