Tratado pelo fim de armas nucleares entra em vigor e avança negociação entre EUA e Rússia para controle das armas.
Governo de Joe Biden sinalizou para a Rússia que pretende prorrogar acordo. Os russos se recusavam a aceitar os termos que os EUA propunham, que incluíam novas condições para a renovação.
Nesta sexta-feira (22) entrou em vigor o Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares e no mesmo dia, a Rússia e os Estados Unidos sinalizaram que vão prorrogar o acordo para reduzir o número de armas, chamado New Start.
A Rússia afirmou que a intenção declarada por Joe Biden, de prorrogar o acordo, é sempre bem-vinda. Porem governo russo disse que quer ver propostas concretas norte-americanas.
A Casa Branca havia dito que Biden quer uma prorrogação de cinco anos do acordo, que acaba em fevereiro se não for estendido.
O porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, disse que é importante ver os detalhes da proposta norte-americana.
Tratado entra em vigor
O tratado que entrou em vigor nesta sexta-feira proíbe o uso, desenvolvimento, produção, teste, armazenamento e também ameaças de uso de armas nucleares.
Honduras se tornou o 50º Estado a ratificá-lo no final de outubro. No total, 122 países o aprovaram na Assembleia Geral da ONU em 2017.
“O tratado representa uma etapa importante no caminho para um mundo livre de armas nucleares e atesta o apoio determinado que as iniciativas multilaterais de desarmamento nuclear provocam”, destacou em comunicado o secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres.
É o “primeiro tratado multilateral de desarmamento nuclear selado em mais de vinte anos”, acrescentou ele.
O Papa Francisco disse que o tratado é “o primeiro instrumento juridicamente vinculativo que proíbe explicitamente essas armas, cujo uso tem um impacto indiscriminado, afeta um grande número de pessoas em um curto espaço de tempo e causa danos ao meio ambiente de muito longo prazo”.
Nove potências nucleares do mundo
Mesmo sem a assinatura dos principais detentores da arma atômica, militantes a favor de sua abolição esperam que o tratado estigmatize essas nações e as force a mudar de opinião.
O mundo tem nove potências nucleares: Estados Unidos e Rússia – que detêm 90% do arsenal atômico do planeta -, China, França, Reino Unido, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte.
A maioria deles afirma que seus arsenais servem de ferramenta de dissuasão e dizem que respeitam o Tratado de Não Proliferação de armas nucleares, que visa impedir a disseminação de armas nucleares para outros países.
O Tratado para Proibição de Armas Nucleares foi criado por iniciativa da Campanha Internacional pela Abolição das Armas Nucleares (ICAN), ONG que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2017.
O Japão, único país do mundo que sofreu com a bomba atômica, não assinou o tratado por enquanto e questiona sua eficácia enquanto as potências nucleares não se juntarem a ele.
Explosão de uma bomba atômica em 1945, Hiroshima, Japão (Photo by: Universal History Archive/UIG via Getty Images)
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