Comemorar o “Dia Internacional da Mulher”, no Espírito Santo, exige reverência à história de vida da atual vice-governadora Jaqueline Moraes, exemplo de mulher da base da sociedade: pobre e negra, que lutou e conquistou espaço e poder.
Mas, como a própria Jaqueline Moraes afirmou em seu discurso quando assumiu interinamente o Governo do Estado, em setembro de 2019, não se pode esquecer que o Espírito Santo tem outras personalidades femininas que precisam ser lembradas: D. Luiza Grimaldi, Maria Ortiz, Geny Grijó e Judith Leão Castello Ribeiro, dentre outras.
Jaqueline Moraes: uma camelô no Palácio Anchieta
Há 15 anos, a hoje vice-governadora Jaqueline Moraes era ambulante na Praça Costa Pereira, no Centro de Vitória, bem próximo à sede do Governo do Espírito Santo. Durante sua atividade como camelô, passou por muitos desafios e, chegou a ser detida pelo comércio informal. Sobre este momento, a vice-governadora afirma: “Naquele momento eu lutava pela minha sobrevivência. Pelo direito de comer”.
Jaqueline Moraes é a primeira mulher a ocupar o posto do Governo do Estado, embora interinamente, em 130 anos. Sobre este fato histórico, ela afirma: “Quando você tem a vivência na veia, quando você sabe o que já passou e seus desafios são grandes, ou você chora ou você vende lenço. Eu escolhi vender lenço. As mulheres precisam desta representatividade. Precisam ocupar os espaços de fala, de poder e de decisão”, disse a vice-governadora, reafirmando seu compromisso de trabalhar por uma sociedade mais justa e menos desigual.
Empoderamento das mulheres
A vice-governadora Jaqueline Moraes trabalha pelo empoderamento das mulheres. Com este fim desenvolve a campanha #NãosejaLaranja, que tem o objetivo de mexer com o brio das mulheres para que não se deixem ser usadas nas campanhas eleitorais. Ela afirma que quando a mulher se propõe a só colocar o nome na chapa por causa de qualquer interesse que não seja o público e o político, é interesse que não condiz com a luta feminina. E, defende: “As mulheres não deverem estar na política apenas para atingir contas, mas, para transformar”.
Outro objetivo da campanha é a formação política das mulheres, com a finalidade de fomentar o interesse feminino na participação da vida pública.
Outra iniciativa da vice-governadora é o “Agenda Mulher”. O programa tem o objetivo de empoderar e dar visibilidade às mulheres, por meio do empreendedorismo, oferecendo e customizando cursos que incluem qualificações diversificadas e até mesmo ferramentas emocionais, envolvendo diversas áreas do Governo do Estado e instituições parceiras.
Luiza Grimaldi
Casada com Vasco Fernandes Coutinho Filho, segundo donatário da Capitania do Espírito Santo, ficou viúva em 1589 e recebeu como herança a propriedade da Capitania, na época em que Portugal estava sob o domínio espanhol.
Governou a Capitania do Espírito Santo até 1593, e manteve a defesa da terra contra os indígenas, enfrentou o inglês Thomas Cavendish, saqueador do litoral brasileiro, traficantes de escravos e açúcar. Conseguiu fortificar o povoado e enfrentar os invasores, que tentaram desembarcar ali em 1592.
Foi uma grande incentivadora da imigração de espanhóis, judeus, portugueses e colonos de outras capitanias ao território capixaba
Maria Ortiz
No início do século XVII Portugal e Espanha estiveram sob o reinado do mesmo soberano. Os holandeses, inimigos dos espanhóis, passaram então a atacar as colônias portuguesas. Em 1624 atacaram e ocuparam Salvador, capital das colônias portuguesas no Brasil. Em 1625, desembarcaram na baía de Vitória e atacou a capital da Capitania do Espírito Santo.
Foi nessa ocasião que Maria Ortiz buscando impedir os invasores que subiam a ladeira onde residia, derramou água fervendo sobre os soldados inimigos.
Este ato inusitado, segundo os historiadores, retardou a subida dos inimigos e animou os defensores que contra-atacaram e puseram os holandeses em fuga.
Geny Grijó
Geny Grijó foi a primeira mulher vereadora, na Câmara Municipal de Vitória. Seu nome é reverenciado pelo fato de, após uma conquista tão significativa como a conquista, por uma mulher, de um mandato legislativo na década de 60, ter renunciado para se dedicar às atividades na área da assistência social em nosso Estado.
Concluiu o curso de Assistente Social, no Instituto Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, e foi a primeira profissional desta área no Espírito Santo. Foi pioneira na implantação de diversos órgãos de atendimento social neste Estado.
Judith Leão Castello Ribeiro
Considerada uma mulher para além de seu tempo, Judith Leão foi jornalista, professora, escritora e política. Em 1947 foi eleita a primeira deputada estadual do Espírito Santo, cargo que exerceu por diversos mandatos.
Foi a fundadora da Academia Feminina Espírito-Santense de Letras, da qual foi sua 1ª presidenta. Também ocupou cadeira na Academia Espírito-Santense de Letras
Em 1952, nossa primeira deputada estadual ajudou a fundar a Associação Feminina de Educação e Combate ao Câncer (Afecc), em Vitória. Morreu em março de 1982 na cidade do Rio de Janeiro.
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