Comandante da PM acredita que ataques podem ser uma retaliação à ocupação. Especialista em Segurança Pública diz que pode ser uma tentativa para desviar o foco da PM.A área está ocupada por policiais militares desde o dia 5 de fevereiro, quando a PM deu início à Operação “Anóxia”, após aumento dos confrontos armados entre grupos criminosos que disputam o tráfico de drogas na região. Nos últimos 15 dias de janeiro, ocorreram nove tiroteios na região do complexo.
Na manhã desta sexta, grupos criminosos realizaram uma série de ataques nas principais vias da capital e depredaram patrimônios públicos e privados. Comerciantes foram obrigados a fechar as portas. No início da tarde, sete pessoas suspeitas de ter ligação com os ataques foram presas. Eles portavam galões de gasolina e fogos de artifício.
Durante a coletiva, o comandante-geral da PM, coronel Sartório, falou sobre grupos criminosos que podem estar por trás dos ataques.
“Nós temos, no estado do Espírito Santo, grupos criminosos que tentam dominar determinados territórios e ali, muitas vezes, se deparam com a polícia militar ou com outros criminosos. Alguns conhecidos são o Primeiro Comando de Vitória, o Trem Bala. Temos uma indicação talvez de um acesso do PCC, mas não temos a certeza do PCC envolvendo o tráfico no Espírito Santo”, afirmou.
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Procurado pelo G1, o professor do mestrado em Segurança Pública da Universidade de Vila Velha (UVV), Pablo Lira, também ligou os ataques à ocupação. Para ele, os atos de violência como os desta sexta são uma forma encontrada por criminosos para “desviar o foco” das operações policiais que acontecem nas comunidades e prejudicam a ação do tráfico.
“Está havendo uma ocupação que reprime a atuação desses grupos. O que vimos ali foram atos criminosos de depredação. Isso não são as comunidades que fazem, mas atores ligados ao crime. Eles tentam tirar o foco porque as polícias estão sufocando a principal fonte de renda deles, o tráfico de drogas”, disse Pablo.
Governador diz que foi reação contra ações da polícia
O governador do estado, Renato Casagrande, confirmou que houve uma reação dos criminosos contra as ações de enfrentamento da polícia nos últimos dias.
“Foi o trabalho das polícias que causou a reação dos grupos criminosos, desde o primeiro momento esses vieram atormentar nas vias públicas os moradores da Grande Vitória. A polícia atuou isolando a área, um trabalho intenso para chegar ao final do dia com a situação normalizada”, disse Casagrande.
Ele também afirmou estar satisfeito com a atuação da polícia após os ataques. “Diante de tudo o que aconteceu hoje, estamos trabalhando desde as primeiras horas do dia. O trabalho da Polícia Civil, Militar e dos Bombeiros foi importante para que a gente pudesse estabilizar a realidade no entorno dos bairros envolvidos. A ação dos grupos criminosos foi em decorrência de um enfrentamento que os bandidos tiveram com a Polícia Civil e acabou com um jovem do grupo criminoso perdendo a vida”, completou.
Outra linha de investigação
Em entrevista coletiva, o secretário de Segurança Pública Roberto Sá afirmou que também é investigada a possibilidade de os ataques terem sido motivados pela morte de um jovem de 17 anos nesta madrugada (14), durante um confronto entre policiais e criminosos no Complexo da Penha.

Segundo o secretário, policiais civis cumpriam mandados de prisão durante a madrugada quando foram surpreendidos por homens armados e revidaram os tiros no bairro Bonfim, em Vitória.
Até a última atualização desta reportagem, ainda não era possível saber se o disparo que matou o adolescente partiu da polícia ou dos criminosos.
“Tomamos conhecimento de um óbito que deu entrada no [hospital] São Lucas, que é ali da região também: São Benedito, Bonfim, Bairro da Penha. Esse óbito será objeto de uma investigação rigorosa”, disse Roberto Sá.

Os ataques
Na Avenida Maruípe, que faz ligação com a Marechal Campos, quatro criminosos armados entraram em um ônibus, mandaram os passageiros descer e deram tiros para o alto. Depois, o coletivo foi completamente incendiado. Os criminosos fugiram. Não há informações sobre vítimas.
O governador do Espirito Santo, Renato Casagrande, falou sobre os ataques em uma rede social. “Bandidos reagem à ocupação da PM nos bairros, mas a polícia atuará com mais força ainda. Já efetuamos prisões de alguns desses criminosos. Essa será a nossa resposta.”
A Polícia Militar ocupa, desde o dia 5 de fevereiro, o Bairro da Penha, em Vitória. Essa intervenção começou depois do aumento dos confrontos armados entre facções criminosas que disputam o tráfico de drogas na região. Nos últimos 15 dias de janeiro ocorreram nove tiroteios nessa região.
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