Não existe anonimato na internet” – Eduardo Pinheiro
Evany Lira
Aconteceu na noite de ontem (13), live sobre crimes cibernéticos com André Sampaio – Doutor em Administração e Neuromarketing, Mestre em Administração e Orçamento Público, e Eduardo Pinheiro – Mestre em Políticas Públicas, Pós-Graduado em Segurança Pública e Direito Digital, e colunista do Jornal A Tribuna.
Foram 50 minutos de prosa que deram clareza sobre o uso seguro da internet, o crescimento dos crimes cibernéticos, os crimes mais praticados, as etapas dos crimes de pedofilia na internet, Fake News, aplicativos e Deep Web, a considerada internet invisível.
André Pinheiro chamou a atenção para o uso seguro da internet para não cair em armadilhas. Ele afirma que o ambiente digital oferece os mesmos riscos do ambiente físico, até porque os criminosos estão migrando para este ambiente.
Para Pinheiro, o uso seguro da internet se dá com a reunião do uso da tecnologia com comportamento adequado. Ele afirma que “não adianta só usar a tecnologia: senha, criptografia, se você não policiar seu comportamento”. Um exemplo citado por Pinheiros foi o uso de rede pública de Wi-Fi, onde mesmo você fazendo uso de boa senha ou até mesmo da biometria (facial ou digital) pode ter seu dispositivo invadido por criminosos. “Sempre que usar rede Wi-Fi pública, você está sujeito a ter seus dados capturados”, disse.
Principais crimes cibernéticos
Os primeiros crimes cibernéticos no Espírito Santo ocorreram no ano de 2000 e segundo Pinheiro, hoje, são mais de 3 mil só na grande Vitória. Pinheiro afirma que este crescimento se dá, principalmente, por três motivos: a massificação da internet, a falsa impressão do anonimato e a comodidade. Mas, Pinheiro alerta que sobre o anonimato é apenas a falsa impressão mesmo. “Os criminosos usam forma de mascarar o endereço do IP achando que vão ficar no anonimato. E, não existe anonimato na internet. Você sempre será identificado. Em cada aplicativo que você acessa, você deixa sua pegada digital, que permite a rastreabilidade”, disse.
Eduardo Pinheiro elencou os crimes cibernéticos mais praticados: crime contra o patrimônio; crimes contra a honra – calúnia, injúria, difamação e ofensas; crimes de ameaças, pornografia infantil e invasão de computador. “Cada vez mais estes crimes aumentam, mas é possível evitar. E, para isto, o principal é cautela e informação”, afirmou.
Crime cibernético de Pedofilia
Eduardo Pinheiro chama a atenção e faz um alerta aos pais sobre as quatro etapas usadas pelos criminosos para consumar o crime. Segundo ele, a primeira etapa é a análise. O criminoso pedófilo busca conhecer o ambiente digital frequentado pela criança ou adolescente, frequentemente são as redes sociais – instagram, facebook, e por ali inicia o ataque. Na segunda etapa, ele faz a abordagem e conduz a vítima do público para o privado. Deixa as redes sociais e interage com a criança ou adolescente via WhatsApp. No WhatsApp ele envolve sua vítima até adquirir o que deseja, geralmente fotos e vídeos. De posse deste material, Pinheiro afirma que o criminoso passa para a última fase que é a execução do crime. “É bom ficar alerta para o fato de que isto não acontece só crianças e adolescentes, acontece também com adultos. Principalmente com as pessoas mais vulneráveis: idosos e mulheres sozinhas”, disse.
Fake News – Fake News e eleições
As Fake News são mensagens divulgadas para divulgar notícias falsas com objetivos diversos: financeiro, ideológico, político, vingança ou busca de fama.
Pinheiro chamou a atenção para o fato de que, mesmo que você não crie uma Fake News – que pode ser crime, compartilhar uma notícia falsa é ajudar a provocar histeria, crime etc. “Temos que desligar o botãozinho do compartilhamento automático”, alertou.
Pinheiro destaca também que o crime de Fake News previsto no Art. 326 – A do Código Eleitoral prevê a reclusão de 2 a 8 anos para quem divulgar informação falsa com fins eleitorais. E quem compartilhar esta divulgação também pode responder por crime eleitoral.
O que deve fazer a vítima de um crime cibernético
A vítima de um crime cibernético, segundo Pinheiro, deve produzir materialidade – fazer prints, salvar e-mails e mensagens e guardá-los em lugar seguro (ele alerta que o celular não é um dispositivo seguro para guardar estas provas), e com estas provas registrar boletim na Delegacia do município, que fará a investigação com o apoio técnico e operacional da Delegacia de Crimes Cibernéticos em Vitória.
Eduardo Pinheiro chama a atenção para o grande mal que as Fake News causam à população e afirma: “Fake News deve ser combatida, mas sem passar por cima do Marco Civil da Internet que prevê, em consonância com a Constituição Federal, a consagração da privacidade e da liberdade de pensamento, sendo vedado o anonimato. Mas, destaca: “Não se pode confundir liberdade de expressão com falar o que quiser, porque você responde pelo que fala”, disse.
André Sampaio disse que o objetivo da live é fazer esclarecimentos sobre estes crimes que estão afetando, sobremaneira, a vida de todo cidadão e cidadã, auxiliar os pais na orientação dos filhos, orientar os jovens que podem ser vítimas sem perceber o envolvimento com crimes cibernéticos, e deixar claro que o ambiente de internet não é uma terra sem lei, e que não existe anonimato.
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